quarta-feira, 13 de abril de 2011

Consumismo

Loucos por compras
[...] É cada vez maior o número de pessoas que procuram psicólogos ou psiquiatras em busca de ajuda para controlar o impulso consumista. Pesquisadores observam que a compulsão leva aproximadamente dez anos para se consolidar e ser percebida como tal pela pessoa afetada. O hábito surge por volta de 18 anos, quando os jovens, embora nem sempre efetivem a compra, passam horas experimentando roupas e outros produtos. Segundo Roberta Biolcati, ao longo do tempo o impulso de consumo transforma a rotina da pessoa: "Ir ao shopping, por exemplo, se torna uma atividade freqüente, solitária e, eventualmente, causa vergonha; é como um apetite compulsivo".
As compras funcionam com uma espécie de droga leve: o consumidor só se satisfaz quando adquire o produto desejado. Essa experiência é bastante comum, mas ao tornar-se obsessiva pode comprometer o equilíbrio emocional e muitas vezes ter conseqüências sobre o orçamento familiar. Segundo a psicóloga, a impossibilidade financeira de satisfazer desejos de consumo aumenta a ansiedade do paciente. Para se livrar dessa angústia, há pessoas que optam por soluções drásticas, com, por exemplo, não entrar em lojas para evitar o impulso. Há relatos de pacientes que, após dois ou três dias, experimentam náuseas comparáveis às da abstinência de drogas. Apesar das semelhanças, o comportamento não é reconhecido como dependência porque não envolve uso de substâncias. Além disso, classificar como patológico um fenômeno socialmente aceito é tarefa difícil. O psicoterapeuta Cesare Guerreschi, da Sociedade Italiana de Intervenção nas Patologias Compulsivas, questiona a visão predominante sobre consumo compulsivo: "A obsessão pelas compras não coloca a vida em risco, como' o alcoolismo ou a dependência de drogas, levando a sociedade a uma visão superficial sobre as conseqüências do transtorno". Ele observa que consumidores compulsivos sofrem simultaneamente de distúrbios como bulimia(apetite exagerada), anorexia(falta de apetite), descontrole emocional e alcoolismo. Para o professor Roberto Pani [psicólogo da Universidade de Bolonha], o consumo funciona como atalho para sanar carências. "Trata-se de uma espécie de dependência autorizada, bem vista socialmente". [...]
CICERONE, Paola Ernllia. Revista Mente & Cérebro. Ano XV, n. 176, set. 2007.

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