segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Filosofia Escolástica

ESCOLÁSTICA: Inspiração aristotélica nos caminhos de Deus

No século VIII, Carlos Magno, rei dos francos coroado imperador do ocidente em 800 pelo papa Leão III, organizou o ensino e fundou escolas ligadas às instituições católicas. Com isso, a cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Era o período da renascença carolíngia. Carlos Magno: o rei semi-analfabeto que fomentou a renascença carolíngia. Renascença carolíngia: refere-se ao estímulo dado à atividade cultural (letras, artes, educação), que marcou o governo de Carlos Magno. A obra realizada nessa época muito contribuiu para a preservação e a transmissão da cultura da Antigüidade Clássica.
Adotou-se nessas escolas a educação romana como modelo. Começaram a ser ensinadas matérias como gramática, retórica e dialética (o trivium) e geometria, aritmética, astronomia e música (o  quadrivium). Todas elas estavam, no entanto, submetidas à teologia.
Foi assim, no ambiente cultural dessas escolas e das primeiras universidades do século XI, que surgiu uma produção filosófico-teológica denominada escolástica (palavra derivada de escola).
A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de muitas obras de Aristóteles, desconhecidas até então, e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente do grego.

Os filósofos árabes

Antes da descoberta das obras de Aristóteles em grego, os europeus só conheciam uma pequena parcela de seu pensamento. E o que conheciam vinha de traduções e comentários feitos pelos filósofos árabes, como Avicena e Averróis. Foi através deles que as obras de física, metafísica e ética haviam chegado à Europa.
Os árabes entraram em contato com o pensamento aristotélico a partir do século VI, quando iniciaram uma série de guerras religiosas para difundir o islamismo. Primeiro conquistaram parte do Oriente, onde entraram em contato com a cultura grega, que influenciava essas regiões desde as conquistas de Alexandre Magno.
Depois, em 711, os árabes dominaram parte da península Ibérica e, a partir dessa região, passaram a exercer uma influência notável sobre vários setores da cultura européia, tanto na arquitetura como na literatura, nas ciências e na filosofia.
Além de cientista e filósofo, Avicena foi um grande médico. Na ilustração acima, extraída de texto do século XV, Avicena é representado entre os pais da medicina e da farmacologia.
No período escolástico, a busca de harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se como problema básico de especulação filosófica. Nesse contexto, a escolástica pode ser dividida em três fases:
 Primeira fase (do século IX ao fim do século XII) - caracterizada pela confiança na perfeita harmonia entre fé e razão;
Segunda fase (do século XIII ao princípio do século XIV) - caracterizada pela elaboração de grandes sistemas filosóficos, merecendo destaque as obras de Tomás de Aquino. Nessa fase, considera-se que a harmonização entre fé e razão pode ser parcialmente obtida;
Terceira fase (do século XIV até o século XVI) - decadência da escolástica, marcada por disputas que realçam as diferenças entre fé e razão.
Além de apresentar o traço fundamental da filosofia medieval, que é a referência as questões teológicas, a escolástica promoveu significativos avanços no estudo da lógica.
Um dos filósofos que mais contribuiu para o desenvolvimento dos estudos lógicos nesse período foi o romano Boécio, que, embora tenha vivido de 480 a 524, e considerado o primeiro dos escolásticos. Ele aperfeiçoou o quadrado lógico, sistema de relações entre afirmativas que fornece a base lógica para garantir a validade de certas formas elementares de raciocínio. Também foi o primeiro a introduzir a questão dos universais, problema filosófico longamente discutido por todo o período da escolástica.

A questão dos universais: o que há entre as palavras e as coisas

O método escolástico de investigação, segundo o historiador francês contemporâneo Jacques Le Goff, privilegiava o estudo da linguagem (o trivium) para depois passar para o exame das coisas (o quadrivium). Desse método surgiu a seguinte pergunta: qual a relação entre as palavras e as coisas?
Rosa, por exemplo, é o nome de uma flor. Quando a flor morre, a palavra rosa continua existindo. Nesse caso, a palavra fala de uma coisa inexistente, de uma ideia geral. Mas como isso acontece? O grande inspirador da questão foi o filósofo neoplatônico Porfírio (234-305, aproximadamente), em sua obra Isagoge:
“Não tentarei enunciar se os gêneros e as espécies existem por si mesmos ou na pura inteligência, nem, no caso de subsistirem, se são corpóreos ou incorpóreos, nem se existem separados dos objetos sensíveis ou nestes objetos, formando parte dos mesmos”.
ABELARDO. Isagoge.
Apud História do
Pensamento, v. 1, p. 161.

Esse problema filosófico gerou muitas disputas. Era a grande discussão sobre a existência ou não das ideias gerais, isto e, os chamados universais de Aristóteles. Tal discussão ficou conhecida como a questão dos universais, isto é, da relação entre as coisas e seus conceitos. Envolvia não apenas problemas lingüísticos e gnoseológicos (relativos à questão do conhecimento), mas também teológicos.
Em relação a essa questão, surgiram duas posições antagônicas: o realismo e o nominalismo.
Os adeptos do realismo sustentavam a tese de que os universais existiam de fato, ou seja, as idéias universais existiriam por si mesmas. Assim, por exemplo, a bondade, a beleza, seriam modelos ou moldes a partir dos quais se criariam as coisas boas e as coisas belas. Os termos universais seriam entidades metafísicas, essências separadas das coisas individuais.
Essa posição foi defendida, por exemplo, pelo abade beneditino e arcebispo de Cantuária (Canterbury - cidade inglesa) Santo Anselmo (1035-1109), que acreditava que as ideias universais existiriam na mente divina.
O filósofo e bispo francês Guilherme de Champeaux (1070-1121) também era realista e acreditava que entre o universo das coisas e o universo dos nomes havia uma analogia tal que quanto mais “universal” fosse o termo gramatical, maior seria o seu grau de participação na perfeição original da ideia. Assim, por exemplo, o substantivo brancura teria uma perfeição maior do que o adjetivo branco, que se refere a um ente singular. Na mesma linha de raciocínio de Platão, o universal brancura seria mais perfeito do que qualquer coisa branca existente.
Já os defensores do nominalismo sustentavam a tese de que os termos universais, tais como beleza, bondade etc., não existiriam em si mesmos, pois seriam apenas palavras sem uma existência real. Para os nominalistas, o que existe são apenas os seres singulares, e o universal não passa, portanto, de um nome, uma convenção.
Essa era a posição do filósofo francês Roscelin de Compiègne (1050-1120), autor segundo o qual só existiria a individualidade. Logo, anulam-se os termos universais. Roscelin também negava que Deus pudesse ser uno e trino ao mesmo tempo, porque, para ele, cada pessoa da trindade seria uma individualidade separada.
Entre essas duas posições contrárias, surgiu uma terceira, o realismo moderado, sustentado por Pedro Abelardo (1079-1142). Para ele, só existiriam as realidades singulares, mas seria possível buscar semelhanças entre os seres individuais, através de abstração, de tal maneira a gerar os conceitos universais. Tais conceitos não seriam, de acordo com Abelardo, nem entidades metafísicas (posição do realismo) nem palavras vazias (posição do nominalismo), e sim discursos mentais, categorias lógico-lingüísticas que fazem a mediação, a ligação entre o mundo do pensamento e o mundo do ser.
A importância da questão dos universais está não só no avanço que essa discussão possibilitou em relação à busca do conhecimento da realidade, mas também porque, através dela, se alcançou um alto nível de desenvolvimento lógico-lingüístico. Isso propiciou o fortalecimento de uma razão autônoma em relação à teologia, por volta do século XII.
Filósofo de grande prestígio, Pedro Abelardo desenvolveu a reflexão no campo da lógica e mostrou-se um humanista no campo da ética. Em relação à teologia, acreditava que era necessário "entender para crer", cultivando a razão crítica, o que suscitou ásperas polêmicas com os pensadores conservadores do seu tempo.

Santo Tomás de Aquino: a cristianização de Aristóteles

 “Se é correto que a verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem por isso os princípios inatos naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade sobrenatural.”
   Santo Tomás de Aquino

Tomás de Aquino é a figura mais destacada do pensamento cristão medieval. Justificou os princípios da doutrina cristã numa síntese filosófica que teve como base o pensamento de Aristóteles, através das traduções de Averróis, filósofo árabe.
Tomás de Aquino (1226-1274) nasceu em Nápoles, sul da Itália, e faleceu no convento Fossanuova, próximo de sua cidade natal, aos 49 anos de idade. É considerado um dos maiores filósofos da escolástica medieval.
A filosofia de Tomás de Aquino (o tomismo) parece que nasceu com objetivos claros: não contrariar a fé. De fato, sua finalidade era organizar um conjunto de argumentos para demonstrar e defender as revelações do cristianismo.
Assim, Tomás de Aquino reviveu em grande parte o pensamento aristotélico em busca de argumentos que explicassem os principais aspectos da fé cristã. Enfim, fez da filosofia de Aristóteles um instrumento a serviço da religião católica, ao mesmo tempo em que transformou essa filosofia numa síntese original.

Princípios básicos

Retomando as ideias de Aristóteles sobre o ser e o saber, Tomas de Aquino enfatizou a importância da realidade sensorial. Em relação ao processo de conhecimento dessa realidade, ressaltou uma série de princípios considerados básicos, dentre os quais se destacam:
Princípio da não-contradição - o ser é ou não é. Não existe nada que possa ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista;
Princípio da substância - na existência dos seres podemos distinguir a substância (a essência, propriamente dita, de uma coisa, sem a qual ela não seria aquilo que é) do acidente (a qualidade não-essencial, acessória do ser);
Princípio da causa eficiente – todos os seres que captamos pelos sentidos são seres contingentes, isto é, não possuem, em si próprios, a causa eficiente de suas existências. Portanto, para existir, o ser contingente depende de outro ser que representa a sua causa eficiente, chamado de ser necessário;
Princípio da finalidade - todo ser contingente existe em função de uma finalidade, de um objetivo, de uma “razão de ser”. Enfim, todo ser contingente possui uma causa final;
Princípio do ato e da potência – todo ser contingente possui duas dimensões: o ato e a potência. O ato representa a existência atual do ser, aquilo que está realizado e determinado. A potência representa a capacidade real do ser, aquilo que não se realizou mas pode realizar-se. É a passagem da potência para o ato que explica toda e qualquer mudança.

Distinção entre ser e essência

Apesar de esses princípios terem vindo do pensamento aristotélico, não se pode dizer que Tomas de Aquino tenha apenas adaptado a filosofia de Aristóteles ao cristianismo. O que o filósofo escolástico empreendeu foi uma sistematização da doutrina cristã que se apóia em parte na filosofia aristotélica, mas que contém muitos elementos estranhos ao aristotelismo: o conceito de criação do mundo, a noção de um deus único, a ideia de que o vir-a-ser (a passagem da potência ao ato) não e autodeterminado, mas procede de Deus.
Mais que isso, Tomás de Aquino introduziu uma distinção entre o ser e a essência, dividindo a metafísica em duas partes: a do ser em geral e a do ser pleno, que é Deus. De acordo com essa distinção, o único ser realmente pleno, no qual o ser e a essência se identificam, e Deus. Para o filósofo, Deus é ato puro. Não há o que se realizar ou se atualizar em Deus, pois ele é completo. Tomas de Aquino dirá que Deus é Ser, e o mundo tem ser. Ou seja, Deus e o Ser que existe como fundamento da realidade das outras essências que, uma vez existentes, participam de seu Ser.
Isso equivale a dizer que, nas outras criaturas, o ser e diferente da essência, pois as criaturas são seres não-necessários. É Deus que permite às essências realizarem-se em entes, em seres existentes.

As provas da existência de Deus

Outro aspecto importante da filosofia tomista são as provas da existência de Deus. Em um de seus mais famosos livros, a Suma teológica, Tomás de Aquino propõe cinco provas da existência de Deus:
A Suma teológica consta de três partes: a primeira trata de Deus; a segunda discorre sobre o movimento das pessoas em direção a Deus; e a terceira, não concluída devido à morte do filósofo, está dedicada a Cristo como salvador da humanidade.
1. o primeiro motor _ tudo aquilo que se move e movido por outro ser. Por sua vez, este outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por outro ser. E assim sucessivamente. Se não houvesse um primeiro ser movente, cairíamos num processo indefinido. Logo, conclui Tomás de Aquino, é necessário chegar a um primeiro ser movente que não seja movido por nenhum outro. Esse ser é Deus.
2. a causa eficiente _ todas as coisas existentes no mundo não possuem em si próprias a causa eficiente de suas existências. Devem ser consideradas efeitos de alguma causa. Tomás de Aquino afirma ser impossível remontar indefinidamente à procura das causas eficientes. Logo, é necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos. Essa causa primeira é Deus.
3. ser necessário e ser contingente - este argumento é uma variante do segundo. Afirma que todo ser contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar de existir. Ora, se todas as coisas que existem podem deixar de ser, então, alguma vez, nada existiu. Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe somente começa a existir em função de algo que já existia. É preciso admitir, então, que há um ser que sempre existiu, um ser absolutamente necessário, que não tenha fora de si a causa da sua existência, mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade de todos os seres contingentes. Esse ser necessário é Deus.
4. os graus de perfeição _ em relação à qualidade de todas as coisas existentes, pode-se afirmar a existência de graus diversos de perfeição. Assim, afirmamos que tal coisa é melhor que outra, ou mais bela, ou mais poderosa, ou mais verdadeira etc. Ora, se uma coisa possui “mais” ou “menos” determinada qualidade positiva, isso supõe que deve existir um ser com o máximo dessa qualidade, no nível da perfeição. Devemos admitir, então, que existe um ser com o máximo de bondade, de beleza, de poder, de verdade, sendo, portanto, um ser máximo e pleno. Esse ser é Deus.
5. a finalidade do ser _ todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade, semelhante à flecha dirigida pelo arqueiro. Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Esse ser é Deus.


O mérito de Tomás de Aquino

Proclamado pela Igreja Católica como o Doutor Angélico e o Doutor por Excelência, Tomás de Aquino é reverenciado nos meios católicos pelos filósofos e professores de filosofia. É o caso do filósofo católico Jacques Maritain (1882-1973), que assim enaltece a contribuição de Tomás de Aquino:
“Não só transportou para o domínio do pensamento cristão a filosofia de Aristóteles na sua integridade, para fazer dela o instrumento de uma síntese teológica admirável, como também e ao mesmo tempo superelevou e, por assim dizer, transfigurou essa filosofia. Purificou-a de todo vestígio de erro (...) sistematizou-a poderosa e harmoniosamente, aprofundando-lhe os princípios, destacando as conclusões, alargando os horizontes, e se nada cortou, muito acrescentou, enriquecendo-a com o imenso tesouro da tradição latina e cristã”.
                                                                                                MARITAIN, Jacques.
                                                                                Introdução gera à filosofia, p. 65.

Já filósofos não-cristãos, como o britânico Bertrand Russell (1872-1970), questionam os méritos de Tomás de Aquino, considerando-os insuficientes para justificar sua imensa reputação. Diz Russell:
“Há pouco do verdadeiro espírito filosófico em Aquino (...) Não está empenhado numa pesquisa cujo resultado não possa ser conhecido de antemão. Antes de começar a filosofar, ele já conhece a verdade; está declarada na fé católica. Se, aparentemente, consegue encontrar argumentos racionais para algumas partes da fé, tanto melhor; se não, basta-lhe voltar de novo à revelação. A descoberta de argumentos para uma conclusão dada de antemão não é filosofia, mas uma alegação especial. Não posso, portanto, admitir que mereça ser colocado no mesmo nível que os melhores filósofos da Grécia ou dos tempos modernos.”
                                                                                        RUSSELL, Bertrand. História da
                                                                    filosofia ocidental, v. 2, p. 174.

Em que pese essa discordância de opiniões sobre os méritos de Tomás de Aquino, e praticamente unânime o reconhecimento de que sua obra filosófica representou o apogeu do pensamento medieval católico. Posteriormente a esse período, o tomismo seria progressivamente questionado pelos movimentos filosóficos que se desenvolveriam na Renascença e na Idade Moderna.

A escolástica pós-tomista

“Os artigos de fé não são princípios de demonstração nem conclusões, não sendo nem mesmo prováveis, já que parecem falsos para todos, para a maioria ou para os sábios, entendendo por sábios aqueles que se entregam à razão natural, já que só de tal modo se entende o sábio na ciência e na filosofia”.
Guilherme de Ockham

Grandes acontecimentos históricos marcaram a Europa nos séculos XIII e XIV Entre eles, estão: a Guerra dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra; a epidemia da peste bubônica, que matou cerca de três quartos da população européia; o cisma definitivo entre as Igrejas do Ocidente e do Oriente, que, entre outros fatores, diminuiu a influência da Igreja Católica Romana sobre o poder temporal (o Estado) e sobre a população; a criação de novas universidades, que iniciam o desenvolvimento de questões relativas as ciências naturais e a autonomia da filosofia em relação à teologia. Esses são alguns dos fatores que levarão ao questionamento do pensamento escolástico bem como ao fim da Idade Media.
Entre os filósofos significativos desse período, destacam-se:
São Boaventura (1240- 1284) –iniciou uma reação contra a filosofia tomista e buscou recuperar a tradição platônica agostiniana. Mais tarde essa reação seria desenvolvida pelos filósofos e teólogos franciscanos, sobretudo na Universidade de Oxford, Inglaterra.
São Boaventura no Concílio de Lyon. Ficou conhecido como Doutor Seráfico. Temia que a filosofia suplantasse a teologia e que a razão se tornasse mais importante que a revelação.
Roberto Grosseteste (1168-1243) e Roger Bacon (1214-1292) - iniciaram uma investigação experimental no campo das ciências naturais que abriu caminho para a ciência moderna.
Guilherme de Ockham (1280-1349) proclamou uma distinção absoluta entre fé e razão. Para Ockham, a filosofia não seria serva da teologia, e a teologia não poderia sequer ser considerada ciência, pois seria tão-somente um corpo de proposições mantidas não pela coerência racional, mas pela força da fé.  Pensador empirista e nominalista, Ockham combateu a metafísica tradicional e iniciou o método da pesquisa científica moderna. Seu pensamento destacou-se porque apreendeu as transformações de seu tempo: a ruptura entre a Igreja e os nascentes Estados nacionais; a perda da concepção unitária da sociedade humana, que passou a se dividir cada vez mais entre o poder temporal e o poder espiritual; a ruptura entre fé e razão, ocasionada pelo nascente desenvolvimento da razão autônoma, que buscou através da investigação empírica o conhecimento dos fenômenos naturais.